quarta-feira, 6 de maio de 2009

UMA TARTARUGA DE UM OLHO SÓ


A Origem

Este é um conto budista, de mais ou menos 2.500 anos. Quem primeiro contou essa história foi o príncipe Sidarta, mentor intelectual do Budismo, aquilo que alguns chamam de religião e outros de filosofia de vida.

A Primeira Versão

Em todas as religiões e filosofias, contos são muito comuns para passar certos conceitos ao povo. Este, o da tartaruga, tem como objetivo moral falar sobre a verdadeira forma de budismo. Como nas religiões daquela – e por que não dizer, desta época também – é comum afirmar que o seu ponto de vista é o certo e todos os outros estão, no mínimo, equivocados.

A versão da tartaruga do príncipe Sidarta fala de um anfíbio que tinha apenas um olho e vivia no fundo do oceano. Sem a visão dupla, a tartaruga facilmente confundia o leste com o oeste, o norte com o sul. Só para piorar, a tartaruga tinha outros dois problemas: seu casco era muito frio e a barriga muito quente. A solução era encontrar o tronco certo, um tronco de sândalo em que ela poderia encaixar seu casco e subir para a superfície a cada cem anos para esquentar as costas e esfriar a barriga e assim, ter um pouco de vez na vida.

As Metáforas

A tartaruga perdida à procura do tronco certo de sândalo simboliza as pessoas que também estão perdidas em meio a tantas filosofias de vida. Apenas o tronco de sândalo certo (budismo de Sidarta) servia para que a tartaruga atingisse seu objetivo. O calor e o frio representam os problemas de cada um pelo mundo afora. Para alguns estudiosos, o poder anestésico do sândalo serve para explicar como a tartaruga esfriava a barriga.

A Vida da Tartaruga se Complica

Nitiren Daishonin (pronuncia-se Daishônin) foi um monge japonês que viveu no século XI. Ele criou sua própria linha budista, conhecida como budismo-Nitiren. O Japão do período de Nitiren foi violento, marcado por uma ampla desigualdade social entre o povo e as elites. O budismo tradicional, segundo Nitiren, havia se tornado ritualístico de uma tal forma que poucos conseguiam entendê-lo. A grande contribuição do monge foi simplificar e tornar prático o budismo para o homem comum. O que Nitiren fez pelo budismo é em certo grau parecido com o que Calvino e Lutero fizeram com o Cristianismo alguns séculos depois.

Nitiren sofreu muitas perseguições durante a vida, certa vez escapou de ser decapitado graças a um eclipse. O episódio semelhante foi reproduzido neste desenho do Pernalonga



(a cena do eclipse está no final e não foi possível descobrir se a história real de Daishonin influenciou o desenho, embora se saiba que muito da mitologia grega influenciou alguns episódios do Pernalonga, como o mito da raposa e a lebre)

De certo, para o monge não foi nada fácil emplacar o seu budismo com tantas perseguições. O recurso utilizado para falar da sorte de ter encontrado uma verdade em meio a tantas dificuldades foi falar da nossa velha amiga tartaruga.

Agora, além de um olho só, a tartaruga é vesga, não tem patas e leva mil anos para encontrar o tronco certo de sândalo. Tudo para reforçar – e como – a importância da informação correta.

A minha versão

Numa noite eu ouvi todas as explicações acima. Estava com o projeto de fazer este blog para a minha faculdade, a Fapcom, para o curso de jornalismo. Em vez de pensar no ensino correto do budismo, a metáfora da tartaruga a procura do tronco certo, perdida, sem ter idéia da própria direção representa nossas próprias buscas na web. Já tentou achar alguma coisa no Google? Você descobre tudo, menos o que realmente quer. E nos portais, o tal do conceito da usabilidade? Pois bem, pense, ou melhor, navegue um pouco por aí. Você se sentirá a própria TARTARUGA DE UM OLHO SÓ.

Este Blog

Este blog apresenta de forma jornalística – não muito tradicional – a minha versão da tartaruga e o tronco de sândalo. A tartaruga encontrava milhares de troncos todos os dias, mas necessitava de apenas um, não o mais perfeito, mas aquele que se servisse para as suas necessidades. Às vezes, numa mera pesquisa no Google à procura de algo banal sinto-me como aquela tartaruga, em busca do tronco certo (informação) paras as minhas necessidades.

Publicarei algumas teorias, usarei do jornalismo para prová-las, mas não tenho a pretensão da verdade absoluta, só almejo algo de novo na rede. Desejem-me sorte!!!!!

Cristian Boragan

Um comentário:

cardoso disse...

Klaus, ou melhor Cristian, estou muito contente em reatar a nossa amizade, e fico muito feliz por voce ter se formado em Jornalismo.
Naveguei bastante pelo seu Blog e finalmente encontrei um Blog com conteúdo.
Parabéns e muito sucesso.
Aproveito para convida-lo para irmos ao MEU RECANTO PARAISO, em Socorro, um lugar simples mas de uma beleza sem igual. Costumo falar para as pessoas que para ser igual a Suiça, só falta neve nos picos das montanhas.

Um abraço,
Cardoso.